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Adustina: Visite-me antes que eu morra...

Apesar da origem latina do significativo nome “adustina”, terra-fértil; o município a cada dia entra num declínio estágio de prosperidade. A agricultura que sempre foi o potencial está agonizando nas infrutíferas queimadas, e nos derrames agroquímicos. Os custeios liberados pelos bancos são pagos de juros aos agiotas que fazem o agricultor, endividado se valer dessa prática. A fertilidade do nome... Somente para os “laranjas” que emprestam seus nomes para pseudos-espertos da tramóia terrinha.

Na educação, essa não quero falar. Marginalizada e na ignorância total da estupidez e mediocridades de um gestor que comprou seu diploma, vive seus piores dias, se não for os últimos. Os professores, achatados com os piores salários da Brasil, vivem apenas o tédio e a ilusão de uma pratica educativa decente. Escolas sucateadas, sem carteiras, sem papel, sem valores, sem respeitos... As escolas dos cem? Ou dos sem? Os alunos, profunda melancolia de uma aprendizagem torpe e medíocre. Assim vai se tecendo nossa eterna esperança do salve-se pela educação.

Saúde! Para dar e morrer. Médicos em plantão que dorme o profundo sono do almoço, numa penosa digestão da negligencia, incapaz de sensibilizar-se com a penúria daqueles que dependem da saúde pública. Uma saúde no leito da morte, esperando um secretário capaz de avançar na garantia da qualidade e do atendimento. Não falarei da farmácia pública, nem dos “defensores da saúde”. Saúde da família, produz números porque é recurso federal com altas verbas garantida. Agentes de saúde avançaram na cidadania e na garantia dos seus direitos. Parabéns.

A bestialidade toma conta da cultura. A cada dia desaparecem os últimos resquícios da nossa verdadeira identidade. O que faz os adustinenses? Que povo é este? Novenas, reisados, rezadeiras, as comidas típicas, os crochês e tricôs tão famosos, desaparecem despercebidamente. Perdem lugar para a cultura de plástico, televisiva e massificante, que tem sua valia e seus deméritos.

No círculo político não há nenhuma inovação. Os mesmos que já foram e voltaram sem nenhuma diferença. Governança ultrapassada, povo sem voz e sem vez. Oposição, essa existe? Num governo democrático a oposição de fato faz parte do regime, fiscaliza, critica e propõem. Quem sabe um dia...

Assim, como o tempo é senhor da história, assim como a Queimadinha virou Adustina que continuou menos queimada, vão se indo os dias e as poucas glórias representadas nos tímidos jovens que ainda mantém uma pequena luz de esperança. Esperança na sensibilidade dos velhos em largar o tosco! Esperança nos trabalhadores que não se entregam as mazelas e dificuldades sociais! Esperanças nos que fazem a educação de fato transformar e modificar uma nuvem cinza que ora cobre nossos horizontes! Esperanças nos homens e mulheres de coração, que ainda sonham, mesmo nas piores adversidades e intempéries do ciclo vital e cosmológico.
 
Por: Crônica do José, publicada no adustinando.blogspot.com
e-mail: adustinando@gmail.com

2 comentários:

  1. Quero aqui parabenizar o autor dessa crônica, sobre a situação atual de Adustina-BA. Ele foi muito feliz na sua análise, aproveito a oportunidade para dizer que compartilho do mesmo sentimento do autor, pois sou cidadão dessa "Terra querida" e apesar de que estou no momento residindo em outro estado, tive a oportunidade de visitar Adustina há alguns meses atás, fiquei decepcionado com a situação administrativa a que se encontra aquela cidade.
    O título da Crônica é muito forte, mas, expressa exatamente o estado de decadência a que a cidade estar caminhando a passos largos.
    Apesar dos fatos, prefiro acreditar que ainda há ESPERANÇAS e que juntos nós (povo organizado)podemos encontrar um novo caminho, que nos leve a uma nova Terra-Fértil!!

    Abraços à todos os adustinenses de bom senso!

    JOAO JOSE
    Santos-SP

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  2. Belissimo texto.
    mas ainda nos resta pensar.."somos seres inacabados, há sempre novos erros a cometer, novas lições a aprende"-paulo freire

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