Jeremoabo-BA: IBAMA interdita Laticínio por 180 dias
Por mais que se tenham esperanças em mudanças positivas para Jeremoabo mais ficamos estarrecidos com as omissões e as crises moral e ética dos responsáveis pela coisa pública. Depois da posse dos novos governantes municipais no último dia 1º, somente quinta-feira, 17 de janeiro, estive em Jeremoabo para acompanhar uma audiência judicial que seria realizada e fiquei chocado com a notícia da interdição de um Laticínio localizado no bairro do Entroncamento e a decisão da Prefeita Municipal de desafiar as autoridades judiciárias e se colocar acima do bem e do mal. Segundo me foi noticiado o IBAMA interditou por 180 dias o Laticínio até quando se procedesse a reformas que assegurem o controle do meio-ambiente sem danos. A boca miúda o que se comentava é que autoridade municipal teria promovido denúncias para preservação de interesses próprios.
A situação de Jeremoabo é caótica. Os responsáveis pela coisa pública ao longo dos tempos se revelaram, na maioria das vezes, incompetentes, e nunca trataram de construir políticas públicas visando o bem estar social. A preocupação é com os recursos do FUNDEB, FPM e de programas diversas e o direcionamento dos recursos destinados ao povo em proveito próprio. A interdição mesmo parcial do Laticínio em pleno período de seca repercute negativamente para o Município, causando desemprego e gerando mais crise social. Não fossem os programas do Governo Federal de sustentação da população pobre e os pagamentos feitos pela Previdência Social aos rurícolas a situação seria mais terrível ainda do que a apresentada.
O Laticínio interditado era responsável por mais de 40 empregos diretos e a sua produção estimada de consumo era de mais de 55.000 litros de leite por semana, gerando rendas para os produtores de leite e atividades outras. Além dos empregos diretos existiam os empregos indiretos e um número acentuado de pessoas auferia rendas com o transporte de leite do produtor para o laticínio, atividades que também restaram prejudicadas. O soro extraído do leite que supostamente deu causa a interdição do estabelecimento, diariamente era recolhido por criadores de porcos e gado vacum para sustentação dos rebanhos, beneficiando-se produtores os mais diversos rincões do Município.
É evidente que o prejuízo para a economia local é terrível e isso pouco importa para os dirigentes municipais que apostam na miséria do povo e os descaminhos praticados. O mais grave é que de um momento para outro os produtores de leite que forneciam para o Laticínio perderam o seu comprador e o leite diariamente produzido ficou jogado as favas, e ai se apresentou um lado mais obscuro e perverso. Sem o Laticínio comprador restaria aos produtores de leite fornecer a Natville, empresa radicada em Nossa Senhora da Glória, no Estado de Sergipe, que por sua vez fechou a possibilidade, condicionando que o leite produzido em Jeremoabo lhe fosse vendido por intermédio do atual Secretário de Agricultura do Município, o ex-prefeito Lula, que introduz em Jeremoabo a chamada parceria público-privada.
Não sei a motivação da interdição do Laticínio e não posso dizer se há razões técnicas para tanto ou não. Se razão houver, e creio que há, caberia a Secretaria da Agricultura do Município procurar uma solução negociada, mantendo o Laticínio do Entrobcamento em funcionamento e garantindo a mão de obra empregada, com medidas paliativas capazes de minorar os efeitos danosos ao meio ambiente, até que o Estabelecimento realizasse as obras exigidas pelo Órgão Fiscalizador. Lastimavelmente, na briga entre as ondas e o rochedo quem sofre são as ostras.
Pelo seu passado defendi a candidatura de Lula a Prefeito nas últimas eleições que preferiu uma aliança com o ex-prefeito Tista para eleição de Anabel. A esposa de Lula é a vice-prefeita e Lula agora é o Secretário de Agricultura do município e estão compensados. Como comerciante de leite Lula tem uma ótica diversa do produtor rural e deveria atentar para o lado perverso desta parceria público-privado.
Por Dedé Montalvão
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