Canudos-BA: Crianças e jovens estavam envolvidas em homicídio diz Delegado
Foi estarrecedor para o delegado Paulo Jason Falcão, titular da Delegacia Territorial de Euclides da Cunha e substituto da DT de Canudos, a descoberta da participação de quatro meninas menores de 18 anos, no assassinato de Daniel Oliveira da Silva, também conhecido como “pequeno”, na madrugada deste sábado para domingo, 03, na cidade de Canudos-BA.
Neste domingo, por volta das 7h30, Dr. Paulo Jason ao recebeu um comunicado sobre um homicídio com requintes de brutalidade na cidade, formou uma equipe e se dirigiu para o histórico município do sertão baiano e, sem ser percebido, - utilizou uma viatura descaracterizada, não perdeu tempo para iniciar as investigações sobre o autor ou autores do crime.
Não demorou muito para descobrir que quatro pessoas haviam participado do homicídio, entre elas duas meninas de apenas, 12 anos de idade e outras duas jovens de 16 e 17 anos de idade, além de dois rapazes maiores de 18 anos, conhecidos como “Vadinho” e “Naná”. Estes, por muito pouco, não foram presos, pois conseguiram fugir momentos antes da chegada da guarnição da Polícia Civil da 25ª Coorpin, que, segundo comentários, teriam recebido apoio de parentes para deixarem a cidade.
As primeiras pessoas a serem localizadas foram às meninas menores de 12 anos, que, após o assassinato foram para casa de uma tia, onde dormiam e, de posse de informações importantes, Dr. Paulo Jason e equipe chegaram até as outras menores de 16 e 17 anos.
Na DT local, as acusadas confirmaram envolvimento no assassinato, inclusive revelando detalhes dos golpes aplicados na vítima e a origem da briga que segundo revelaram, começou numa churrascaria e casa de shows onde acontecia uma festa dançante, por volta das 22h.
Uma das menores revelou que dançava com um rapaz conhecido como Ailton, quando Vadinho chegou e não gostou de ver a namorada dançando com outro.
Depois de algum tempo, as menores (duas são primas) foram verificar um tumultuo que estaria acontecendo na parte térrea da casa de shows e se depararam com uma briga envolvendo Vadinho e Naná e várias pessoas, onde rolou garrafada, socos, pontapés que causaram ferimentos em Vadinho e Naná; além de uma delas ter recebido um soco no rosto, sem saber, contudo o autor da agressão.
Terminado o conflito, Ailton, que também depôs ao delegado Paulo Jason, disse que Daniel estaria indo para casa, onde se armaria e voltaria para pegar os caras que haviam brigado com ele.
Na madrugada de domingo, por volta de 2h30, Ailton revelou que ao passar de motocicleta por uma rua próxima ao clube, deparou-se com o corpo de Daniel caído ao solo, agonizando. “O rosto totalmente deformado, dentes quebrados, um corte na garganta e na orelha. Um carro que passava pelo local foi solicitado a socorrer a vítima que, ao chegar ao hospital municipal não apresentava mais os sinais vitais”. Disse.
No relato feito pelas menores, duas delas, as mais velhas, confirmaram que participaram das agressões perpetradas por Naná e Vadinho, desferindo socos e pontapés contra Daniel que, armado de espingarda e uma faca, aguardava no local do crime, pela volta do grupo.
As acusadas também revelaram que ao serem interpelados por Daniel, Vadinho desferiu um violento chute em Daniel que caiu da moto e, com a vítima no chão, teve início à sessão de espancamento, da qual elas também participaram, além de Naná.
Com a vítima estendida ao chão, deixaram o local, foram dormir e ao acordar tiveram conhecimento por meio da polícia e das tias que Daniel havia morrido. Também revelaram que a turma havia consumido um litro de Ron Montila e que Vadinho e Naná estavam bêbados.
Os depoimentos foram presenciados pelas mães das acusadas. Na 1ª DT da 25ª Coorpin, onde o inquérito foi concluído, as meninas pareciam que nada de anormal havia acontecido, pois riam se divertiam e até diziam que queriam logo voltar para casa. Uma delas até sentou-se à mesa para almoçar, quando deveria estar em uma cadeira.
Por volta das 14h00, com os inquéritos concluídos e um Pedido de Internação feito para elas à
Justiça da Comarca de Uauá, Dr. Paulo Jason Falcão embarcou com as acusadas para aquele Município, onde ficarão à disposição das autoridades competentes.
Em Canudos, a repercussão foi bastante negativa e só serviu para aumentar o clima de medo na cidade, que ultimamente, sem delegado titular e um pequeno efetivo de policiais para os trabalhos ostensivos e investigativos, só aumenta a criminalidade na cidade.
As mensagens postadas pelos cidadãos de Canudos no site Canudosnet, neste domingo, 04, revelam o clima de medo e de desordem em que vive os canudenses que, com justiça pedem providências urgentes das autoridades do Estado.
*Detalhe: uma das meninas acusadas faz aniversário nesta segunda-feira, 05, quando completa 16 anos. A mãe e a tia das garotas menores de 12 anos, que estiveram em Euclides da Cunha para depor e acompanhar o caso, disseram que as mesmas não participaram das agressões, pois na hora da briga saíram correndo e foram para casa.
Vestindo shorts curtinhos e fazendo gracejos, sempre, as meninas nem pareciam estar diante de um fato gravíssimo, tão lastimável, que a vida humana não vale mais nada. Infelizmente.
Por José Dílson - euclidesdacunha.com
Nenhum comentário